Engraçado
que o grande legado do período romântico pro homem moderno foi justamente
mostrar que os sentimentos, o amor como chamamos, não salvam, não redimem e
principalmente não muda as pessoas. Por que se nós pensarmos, por exemplo, em
Romeu e Julieta; o que nós vemos? Amor, amor demais. Mas a gente nunca se
pergunta, no final da estória, por que não aconteceu? Quer dizer, eles poderiam
muito bem ter superado as rivalidades das famílias e ter ido pra bem distante
de Verona. Por que não foram? Eu acho, e é só uma opinião, que nem Romeu e nem
Julieta foram capazes de mudar um pelo outro. Romeu continuou a ser um homem
que se apaixonaria por qualquer mulher, como realmente vemos no começo da peça,
e a Julieta seguiu como aquela menina que sonhava em encontrar o homem que
fosse capaz de torná-la feliz. No limite, a gente pode dizer que ela encontra
esse homem e não o contrário. Romeu e Julieta não é uma peça sobre o amor, mas
sobre a vontade de amar, sobre o quão pesado essa vontade pode tornar-se e
quantas ilusões ela pode criar. O romantismo nos ensinou que a distância entre
o que vemos e o que queremos ver é menor do que os realistas haviam suposto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário