domingo, 9 de outubro de 2011

Um amor feito de vontade é amor?


Engraçado que o grande legado do período romântico pro homem moderno foi justamente mostrar que os sentimentos, o amor como chamamos, não salvam, não redimem e principalmente não muda as pessoas. Por que se nós pensarmos, por exemplo, em Romeu e Julieta; o que nós vemos? Amor, amor demais. Mas a gente nunca se pergunta, no final da estória, por que não aconteceu? Quer dizer, eles poderiam muito bem ter superado as rivalidades das famílias e ter ido pra bem distante de Verona. Por que não foram? Eu acho, e é só uma opinião, que nem Romeu e nem Julieta foram capazes de mudar um pelo outro. Romeu continuou a ser um homem que se apaixonaria por qualquer mulher, como realmente vemos no começo da peça, e a Julieta seguiu como aquela menina que sonhava em encontrar o homem que fosse capaz de torná-la feliz. No limite, a gente pode dizer que ela encontra esse homem e não o contrário. Romeu e Julieta não é uma peça sobre o amor, mas sobre a vontade de amar, sobre o quão pesado essa vontade pode tornar-se e quantas ilusões ela pode criar. O romantismo nos ensinou que a distância entre o que vemos e o que queremos ver é menor do que os realistas haviam suposto.